Isso aí, review de “A Vigilante do Amanhã”

ISSO AÍ, REVIEW DE “A VIGILANTE DO AMANHÔ
(eu adoro como tem gente que se irrita com esse título)

Eu estava driblando minhas expectativas com esse filme por motivos bem claros: um Fist of the North Star dando enjoo, Dragon Ball Evolution me fazendo vomitar sangue e ainda (eu sei que não é anime, mas vale pontuar) Avatar fazendo meus órgãos internos morrerem lentamente. Ghost in the Shell, no entanto, foi um esforço coletivo para fugir desse estigma de adaptações Hollywoodianas de anime, tanto que já tinha sido estabelecido que o diretor iria reproduzir com fidelidade todas as cenas-chave do filme anime de 95. Olha, me surpreendeu!

Para falar do filme, preciso citar um pouco o tema principal da franquia, que é transhumanismo: aprimorar nossos corpos e até mentes com a tecnologia. Você ainda seria uma pessoa caso seu corpo fosse mecânico, mas seu cérebro orgânico? Ou que tal uma inteligência artificial que é capaz de raciocinar e até sentir como uma pessoa 100% orgânica? Essa discussão toda é um reflexo das histórias do Isaac Asimov (1984 e Eu, Robô), e nos faz questionar até que ponto isso seria ficção ou realidade. Esse é o drama da vivido pela protagonista, a major Motoko… DIGO, Mira Killian no filme.

A história é bem simples e palpável, toda centrada na Scarlet Johanson. Ela, como parte do batalhão oficial do governo (Sessão 9), mete chumbo nas missões contra um super hacker que está manipulando máquinas e pessoas, além de ter tido uma história com a protagonista. Está claro que isso é uma releitura do filme original, salvo os nomes de alguns personagens e, infelizmente, na apresentação dos temas de transhumanismo. Vejam bem: eu não entendi o filme anime de 95 quando vi de primeira. Achei uma experiência bizarra, imersiva e bem lenta. Foi só relendo diálogos, analisando cenas e caçando por vídeos de análise no youtube que consegui entender o que estava acontecendo naquelas conversas profundas e bizarras. Não estou acostumado com filmes e animações assim, mas acho que é importante ter esse pontapé inicial para passar a entender melhor esse estilo de narrativa.

MESMO ASSIM, esfregar as mensagens na cara da plateia é fazer da gente um grande jardim de infância. De verdade, muito obrigado por estragar a cena da major renascendo como ciborgue (muito bem adaptada, por sinal) com uma cientista me explicando o título do filme: “Você agora vive em um SHELL, que é o seu corpo, mas o seu GHOST, a alma, ainda está intacta!”
Se você achou o “THIS IS KATANA” no Esquadrão Suicida um estilo de roteiro imbecil, não vai ser tão diferente nesses momentos do Ghost in the Shell.
PÔ, VALEU MESMO, TIA. ME EXPLICA O FILME TODO, POR FAVOR?
…pior que fizeram isso mesmo.

O maior erro de Ghost in the Shell foi tornar uma narrativa moralmente neutra e baseada em expressividade visual numa breve aulinha de EMPRESAS MALVADAS e GENTE ROBÓTICA num futuro aloprado. Na real, durante a primeira metade vira um processo cíclico entre mostrar a Sessão 9 trocando tiros, Scarlet tentando entender o que é ser humana feat. Batou (que mais lembra um tiozão fazendo cosplay de Guile com tampinhas de garrafa pet nos olhos) e planos extensos mostrando a cidade de longe. Essa possivelmente foi a cidade sci-fi mais besta que já vi num Blockbuster. É uma grande Disneylândia nublada, com hologramas FUTURISTAS gigantescos por toda parte e figurantes rejeitados do Blade Runner por aí. Não precisa brincar com esses efeitos de Unreal Engine para me convencer que se passa no futuro, já tem androides!

Se o filme inteiro fosse assim, nem teria gostado. Foi só da metade pra frente que a experiência se tornou mais agradável e bem desenvolvida. Salvo por alguns diálogos expositivos, gostei de como o vilão progrediu na história com a Scarlet. Ele tem um design legal até e você saca bem as motivações por trás das ações dele. Ah, sim… Ainda me refiro à protagonista pelo nome da atriz porque, convenhamos, ninguém que conhece a série vai olhar para ela e pensar “Mira Killian”. Aliás, queria aproveitar e falar um pouco sobre a Scarlet: ela tá boa sim no filme, ok? 90% dos papeis que ela pegou não deram espaço para mostrar que pode ser uma atriz excepcional, mas sempre fez o melhor papel possível em todos os filmes que vi com a mesma. Aqui fez a melhor “Motoko” possível. É estática, vazia, mas ainda tem dúvidas em seus trejeitos e rostos. Claro, não tinha como aparecer nua como a original fazia, deixaram ela “nua” de maneira que o seu corpo tivesse traços femininos, mas nada de genitais ou mamilos (é um corpo robótico, não tem porque se reproduzir). O resultado final, com o CG desse geração, foi bizarro… Nas cenas de luta ela parecia mais uma boneca inflável lutando numa cutscene de jogo de PS2.


Antes de fechar, queria ressaltar que o japonês “Beat” Takeshi (o mesmo daquele “Takeshi’s Challenge, jogo infame de Famicom que o Jontron fez uma review antes de se assumir como nazista) fez um Aramaki bem BADASS! O vovôzinho da Sessão 9 tava cheio de garra, compostura e um visual que transitou bem do anime ao filme

No final das contas, GitS é um filme estranho. Claramente muda a direção de cenários, o ritmo e ainda o estilo das cenas de ação entre as duas metades. Passa de um action flick zoado dos anos 2000 para um filme que pega… até bem as ideias do anime original, entregando seus temas de mãos dadas sem questionamentos. Não espere um estudo profundo sobre humanos e máquinas, mas uma história mais centrada na própria major, com cenas cautelosamente reproduzidas do original. Se for um fã mais assíduo, pode deixar passar que não vale o estranhamento, mas para qualquer outro caso, assista que é bom.

Post original no Facebook por: Jojo Rama

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