A Decodificadora: Jennifer Doudna, Edição de Genes e o Futuro da Espécie Humana – Walter Isaacson | Resenhas do Tio Wish

A pandemia de COVID-19 fez muito bem para este livro. Ou, de outra forma, o fez um livro muito mais interessante e relevante do que teria sido sem um exemplo tão prático da aplicação do trabalho da biografada, a bioquímica e vencedora do Prêmio Nobel de Química de 2020 Jennifer Doudna.

Muito mais do que contar a história da vida de Doudna, que é o que se espera de uma biografia a seu respeito, este livro faz uma grande revisão do desenvolvimento dos campos de estudos abertos pela descoberta do DNA, em 1953, focando bastante no desenvolvimento da tecnologia de edição genética por meio do método CRISPR-Cas9, do qual a biografada é uma das desenvolvedoras.

Este é outro ponto bastante importante do livro, pois a primazia da descoberta de Doudna, Charpentier e equipe é contestada por outros grupos de pesquisadores, e então chega-se a uma segunda camada desta obra: a de peça de defesa dos direitos de Jennifer e companhia como descobridores originais da técnica que lhes valeu o Nobel.

Aqui cabe um aparte sobre a produção do próprio autor do livro, Walter Isaacson. As biografias às quais ele se dedicou anteriormente foram de personalidades do porte de Steve Jobs, Albert Einstein, Henry Kissinger, Benjamin Franklin e Leonardo da Vinci, os quais dispensam apresentações. As realizações de Doudna, embora significativas, ainda não tiveram tempo para impactar o mundo como as dessas outras figuras.

Foi esse estranhamento que me fez imaginar que, inicialmente, a ideia por trás de uma biografia dela era justamente a de defender sua primazia como desenvolvedora do método CRISPR-Cas9 e, depois, líder da comunidade dos pesquisadores genéticos tanto nas discussões sobre os usos éticos da tecnologia de edição de genes quanto na resposta à pandemia de COVID-19. Mesmo que a obra tenha esse caráter, em momento algum o autor vilanizou ou deixou de dar voz aos que contestam a primazia de Doudna, o que é um ponto bastante positivo e uma demonstração do profissionalismo e elegância de Isaacson. Também é digno de nota que ele se deu ao trabalho de traçar perfis de praticamente todos os envolvidos nas pesquisas, sejam eles apoiadores, concorrentes ou colaboradores de Jennifer Doudna, enriquecendo muito o livro e tornando-o até mesmo um “Quem é quem” do mundo da edição de genes.

E, por fim, veio o reconhecimento do trabalho de Doudna com o recebimento do Nobel de Química de 2020, que acabou sendo outro tremendo golpe de sorte para coroar a história (e ser uma excelente ferramenta de marketing) de um livro que começou a ser escrito antes da pandemia e não tinha como contar com ela para expor o tamanho, a importância do método CRISPR-Cas9.

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